A Síndrome do Maguito Rotador é uma patologia associada à inflamação, irritação ou ruptura da musculatura dessa zona do corpo e que é extremamente comum na população[1]Murrell GA, Walton JR. Diagnosis of rotator cuff tears. The Lancet. 2001 Mar 10;357(9258):769-70. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673600041611.
A tendinite do manguito rotador, do músculo supra-espinhoso e do tendão bicipital é causa comum de dor e incapacidade na região do ombro. A tendinite do supra-espinhoso é causada por relações anatômicas desfavoráveis que geram isquemia tecidual e degeneração da estrutura ligamentar. A isquemia prolongada pode desencadear ou perpetuar tendinites e síndromes dolorosasmiofasciais.[2]Ribeiro DC, Belgrave A, Naden A, Fang H, Matthews P, Parshottam S. The prevalence of myofascial trigger points in neck and shoulder-related disorders: a systematic review of the literature. BMC … Continue reading
A Tendinite do Manguito Rotador não tem causa específica, mas pode aparecer de forma súbita, após uma queda, por exemplo, ou piorar com o tempo devido à execução de movimentos repetitivos, seja no trabalho, no dia a dia, ou na prática de esportes.
A etiologia da síndrome do manguito rotador é provavelmente multifatorial, incluindo degeneração relacionada à idade, além de microtraumas e macrotraumas.
A incidência de rupturas do manguito rotador aumenta com o envelhecimento.
Entendendo o problema: anatomia do ombro
O ombro é composto por três ossos: a clavícula, a escápula (omoplata) e o úmero (osso do braço).
A escápula é um osso triangular com duas partes importantes para o ombro: o acrômio e o glenóide.
Os três ossos na região dos ombros compõem duas articulações principais:
– Articulação acromioclavicular, que permanece entre o acrômio da escápula e da clavícula
– Articulação glenoumeral, que está entre a glenoide da escápula e do úmero
Além disso, o ombro é composto por músculos, tendões (fibras que unem os músculos aos ossos) e ligamentos (unem os ossos de uma articulação)
O chamado manguito rotador é formado por um grupo de quatro músculos que estão posicionados em torno da articulação do ombro. Eles servem para estabilizar a articulação do ombro e ajudam no movimento dessa zona do corpo.
Os quatro tendões dos músculos do manguito rotador se juntam para formar um tendão maior, chamado de tendão do manguito rotador. Ele se liga à cabeça do úmero (a superfície óssea na parte superior do osso do braço). Debaixo do acrômio da escápula há um espaço, chamado espaço subacromial, por onde esse tendão passa.
Como acontece a lesão
A ruptura do tendão do manguito rotador, que leva à inflamação, pode ser de duas maneiras: total ou parcial, sendo que esta última pode evoluir para uma ruptura completa se não for tratada a tempo, porque o tendão continua a se desgastar com ã movimentação da articulação.
A maioria das rupturas ocorre no músculo e no tendão do supra-espinhal, mas outras partes do manguito rotador também podem estar envolvidas.
Quando os tendões parcialmente lesionados não são tratados, a lesão pode progredir para um rompimento total.
Isso às vezes acontece subitamente, ao elevar um objeto pesado, por exemplo.
Causas da Tendinite do Manguito Rotador
A lesão do manguito rotador não tem uma única causa definida, o que pode acabar por dificultar o seu diagnóstico.
Existem vários fatores envolvidos na síndrome, que podem ser mecânicos (movimentos repetitivos, má postura ou sobrecarga) ou biológicos, como o desgaste natural das articulações pelo envelhecimento ou ainda alterações na circulação da região[3]Longo UG, Candela V, Berton A, Salvatore G, Guarnieri A, DeAngelis J, Nazarian A, Denaro V. Genetic basis of rotator cuff injury: a systematic review. BMC medical genetics. 2019 Dec;20(1):1-6. … Continue reading.
Fatores mecânicos:
- Má postura (a posição de “ombros caídos” diminui o espaço entre os tendões, o que causa atrito entre eles e favorece o aparecimento de lesões)
- Falta de alongamento
- Lesão por carga (objetos muito pesados)
- Uso excessivo da articulação (em atividades laborais ou na prática esportiva)
- Lesões como fraturas, traumas ou luxações
Fatores biológicos:
- Envelhecimento (a idade naturalmente causa degeneração óssea e articular)
- Degeneração intrínseca local
- Tabagismo (o hábito pode causar problemas de vascularização)
- Tendinites crônicas
- Influência genética
- Alterações da microvasculatura local (maior degeneração por atrito)
- Comorbidades médicas (como síndrome metabólica, hiperglicemia).
Embora muitos fatores estejam envolvidos no aparecimento da inflamação do manguito rotador, uma das maiores causas, segundo especialistas, é o uso repetitivo da articulação, seja no uso de tablets e telefones celulares, ou ainda no trabalho[4]Diebold G, Lam P, Walton J, Murrell GA. Relationship between age and rotator cuff retear: a study of 1,600 consecutive rotator cuff repairs. JBJS. 2017 Jul 19;99(14):1198-205..
As profissões de carpinteiro e de pintor, por exemplo, são bastante propícias para a tendinite na região do ombro, porque exigem muito da articulação.
A lesão também é comum em atletas, sobretudo nos praticantes de tênis, arco e flecha, e natação.
Fora os fatores de risco listados acima, levar uma vida estressante também pode ser uma causa para a lesão. Isso porque o estresse leva à contratura muscular, o que, por sua vez, pode causar uma irritação ou inflamação na região do ombro.
Sintomas da Tendinite do Manguito Rotador
O principal sintoma da síndrome do manguito rotador é o início súbito de uma dor no local que pode descer por fora do ombro e irradiar até o cotovelo. Outros sinais são incômodo ou dor ao movimentar a articulação e a piora dela ao levantar braço acima do nível do ombro ou executar movimentos no alto.
Outro sintoma importante é a fraqueza muscular do braço afetado, que pode ser efetiva ou aparente.
Existem testes que podem ser realizados pelo médico para verificar se a queixa é real ou apenas decorrente da dor na região inflamada.
Quando há fraqueza real, significa que o músculo está danificado ou o tendão está rasgado. Essencialmente, o músculo não funciona.
Fraqueza aparente ocorre quando a dor limita a capacidade de alguém de executar alguma atividade. Mesmo que o músculo e o tendão estejam danificados, é a dor que impede o indivíduo de realizar suas atividades normais.
A síndrome do manguito rotador também poder ser assintomática.
A ausência de dor ou outros sinais é mais comum do que se imagina. Muitas pessoas têm a região lesionada e só descobrem ao fazer um exame de imagem, como uma ressonância magnética.
Um estudo sobre o assunto publicado na Revista Brasileira de Ortopedia em 2004 cita que análises anteriores feitas com o auxílio de exames detectaram a ruptura em pelo menos um terço dos pacientes.
Um deles, feita pelo escaneamento de 96 indivíduos assintomáticos, encontrou lesões em 34% deles. No grupo com mais de 60 anos, a síndrome foi diagnosticada em 51% dos participantes.
Incidência:
Na população geral, estima-se que o problema afete de 7% a 40% das pessoas, sendo que o índice aumenta conforme o envelhecimento
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico deve incluir uma avaliação física, avaliação do histórico médico com associação de exames complementares[5]Post M, Silver RO, Singh M. Rotator cuff tear. Diagnosis and treatment. Clinical orthopaedics and related research. 1983 Mar 1(173):78-91..
Os exames podem ser clínicos, em consultório, ou radiológicos.
Um dos testes específicos que podem ser usados pelo médico na consulta é o chamado Teste de Neer.
Nessa manobra, o médico pede ao paciente que levante o braço para frente, mantendo a palma da mão voltada para o lado do corpo. Se o movimento for doloroso, o resultado é positivo e a síndrome do impacto do manguito rotador é comprovada.
Outro teste, da “queda do braço”, consiste em ficar com o braço ao lado do corpo e levantá-lo para fora, em direção a cabeça. Em seguida, o paciente move o braço para trás e para baixo lentamente, em direção ao seu lado.
Baixar o braço lentamente a 90 graus pode ser comum, mas em casos de ruptura, o braço cai rapidamente para o lado do corpo, em função do desgaste na articulação.
Depois do exame clínico, o médico pode solicitar exames de imagens para fechar o diagnóstico específico. Os mais comuns são:
- Raio-X (pode mostrar lesões ósseas, o que sugere uma doença antiga no manguito rotador)
- Ressonância magnética (é mais acurado deles e oferece mais informações ao médico, inclusive sobre a existência de outra doença que não a de desconfiança inicial)
- Ultrassonografia (pode ser utilizada para avaliação dinâmica da musculatura e dos tendões do manguito rotador)
- Eletroneuromiografia (em casos de suspeita de cervicobraquialgia ou radiculopatia)
Os exames podem mostrar sinais de microfissuras, rupturas, lipossubstituição muscular e outras lesões locais. Bursite e alterações labrais do ombro podem também ser encontradas.
Os três estágios da lesão
Segundo o ortopedista Charles Neer, que dá nome ao principal teste de diagnóstico clínico da doença, a síndrome passa por três estágios:[6]Patte D. Classification of rotator cuff lesions. Clinical orthopaedics and related research. 1990 May 1(254):81-6.
- 01.Estágio 1: Marcado por edema e inflamação, hemorragia da bursa e dos tendões. É mais comum em jovens.
- 02.Estágio 2: São encontrados espessamento da bursa e fibrose dos tendões do manguito.
- 03.Estágio 3: Há ruptura completa dos tendões do manguito rotador, geralmente associada a diversas alterações ósseas da cabeça do úmero e do acrômio. Encontrada, na maior parte, em pessoas com mais de 40 anos.
Tratamento da síndrome do manguito rotador
O tratamento da tendinite do manguito rotador tem, basicamente, duas etapas e raramente envolverá intervenção cirúrgica, visto que o método conservador costuma ser bem sucedido para a maioria dos pacientes.
A primeira etapa consiste em garantir o alívio da dor e do desconforto que pode comprometer atividades básicas do dia a dia.
Como a síndrome atinge uma parcela muito heterogênea de pessoas, seja pela idade, sexo ou nível de atividade, não existe um único protocolo de tratamento. Assim, os métodos a serem utilizados serão escolhidos e avaliados pelo especialista de acordo com cada paciente, os sintomas, e a rotina de cada um.
Alguns dos mais utilizados e indicados são:
- Repouso do tendão afetado (o médico pode solicitar uso de tipoia)
- Compressas de gelo
- Uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios
- Fisioterapia
- Injeções de esteroides
- Ondas de choque ou bloqueio do nervo supraescapular[7]Li C, Li Z, Shi L, Wang P, Gao F, Sun W. Effectiveness of Focused Shockwave Therapy versus Radial Shockwave Therapy for Noncalcific Rotator Cuff Tendinopathies: A Randomized Clinical Trial. BioMed … Continue reading
- Infiltração dos pontos-gatilho[8]Tang L, Li Y, Huang QM, Yang Y. Dry needling at myofascial trigger points mitigates chronic post-stroke shoulder spasticity. Neural regeneration research. 2018 Apr;13(4):673.
- Mesoterapia (injeção de uma combinação de remédios anestésicos, analgésicos e anti-inflamatórios na derme para efeito prolongado)
- Acupuntura (para melhora da dor e da amplitude dos movimentos)
Vale a pena você conversar com seu médico quanto a possíveis tratamentos. A fisioterapia e a acupuntura geralmente apresentam ótimos resultados na melhora das dores e dos movimentos, fazendo com o que o paciente retorne às suas atividades do dia a dia o mais brevemente possível.
A segunda etapa do tratamento é preventiva, e visa evitar que a dor reapareça.
Isso pode ser feito com a melhora da postura, fortalecimento muscular da região com exercícios físicos, ou ainda com a prática de sessões de alongamento.
Tratamento cirúrgico:
Embora a cirurgia não costume ser o primeiro tratamento eleito, ela pode ser indicada caso as medidas conservadoras não tragam melhorias para o paciente, Também pode ser uma solução mais adequada a pacientes muito ativos ou atletas
O procedimento é feito com o objetivo de descomprimir o tendão que está apertado e limpar as aderências e as inflamações ao seu redor.
Ele pode, ainda, ressecar calcificações e fibroses que encontrar dentro do tendão e suturá-lo, se for necessário.
Convivendo com a Tendinopatia do Manguito Rotador
Embora não seja uma doença grave, o diagnóstico da síndrome do manguito rotador implica mudanças no estilo de vida do paciente, caso ele queira conviver melhor com os sintomas e retomar as atividades do dia a dia normalmente.
Descobrir a causa do problema é importante para evitar que ele se repita no futuro. No caso de má postura, por exemplo, não mudá-la pode fazer com que os sintomas voltem a incomodar.
Fazer uma avaliação dos movimentos que a pessoa costuma fazer no dia a dia, seja no trabalho ou em atividades esportivas, também pode servir para corrigi-los ou adaptá-los.
A prevenção do aparecimento da lesão, ou ainda a precaução para evitar que ele volte passa por prática constante e correta de atividade física, observação dos movimentos repetitivos do dia a dia e ainda o alinhamento da postura.
AL. JAÚ 687 – JARDIM PAULISTA – SÃO PAULO – SP
Clínica de Dor, Fisiatria e Acupuntura Médica
Clínica médica especializada localizada na região dos Jardins, próximo à Av. Paulista, em São Paulo — SP.
Centro de Dor, com médicos especialistas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
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Al. Jaú 687 – São Paulo – SP
Atendimento de segunda a sábado.
Referências Bibliográficas
↑1 | Murrell GA, Walton JR. Diagnosis of rotator cuff tears. The Lancet. 2001 Mar 10;357(9258):769-70. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673600041611 |
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↑2 | Ribeiro DC, Belgrave A, Naden A, Fang H, Matthews P, Parshottam S. The prevalence of myofascial trigger points in neck and shoulder-related disorders: a systematic review of the literature. BMC musculoskeletal disorders. 2018 Dec;19(1):1-3. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s12891-018-2157-9 |
↑3 | Longo UG, Candela V, Berton A, Salvatore G, Guarnieri A, DeAngelis J, Nazarian A, Denaro V. Genetic basis of rotator cuff injury: a systematic review. BMC medical genetics. 2019 Dec;20(1):1-6. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s12881-019-0883-y |
↑4 | Diebold G, Lam P, Walton J, Murrell GA. Relationship between age and rotator cuff retear: a study of 1,600 consecutive rotator cuff repairs. JBJS. 2017 Jul 19;99(14):1198-205. |
↑5 | Post M, Silver RO, Singh M. Rotator cuff tear. Diagnosis and treatment. Clinical orthopaedics and related research. 1983 Mar 1(173):78-91. |
↑6 | Patte D. Classification of rotator cuff lesions. Clinical orthopaedics and related research. 1990 May 1(254):81-6. |
↑7 | Li C, Li Z, Shi L, Wang P, Gao F, Sun W. Effectiveness of Focused Shockwave Therapy versus Radial Shockwave Therapy for Noncalcific Rotator Cuff Tendinopathies: A Randomized Clinical Trial. BioMed Research International. 2021 Jan 9;2021. |
↑8 | Tang L, Li Y, Huang QM, Yang Y. Dry needling at myofascial trigger points mitigates chronic post-stroke shoulder spasticity. Neural regeneration research. 2018 Apr;13(4):673. |
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