A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico usado no tratamento de depressão em todo o mundo, seja como monoterapia ou em associação com outros fármacos. Entretanto, outro possível uso do medicamento é no tratamento da dor crônica e dor neuropática, embora nestes casos as doses utilizadas sejam menores que aquelas preconizadas para o tratamento de transtornos depressivos.
Nesse contexto, vamos entender o papel da amitriptilina no tratamento desse tipo de dor, a partir de uma revisão da literatura publicada na Cochrane Library.
Na revisão analisada, foram incluídos 1342 pacientes de 17 estudos randomizados, duplo-cegos de pelo menos 4 semanas de duração. Além disso, o efeito da amitriptilina nesses ensaios foi comparado com placebo ou outros tratamentos para dor neuropática crônica.
O que é a dor neuropática?
Chamamos de dor neuropática a dor causada por um dano ou doença que atinjam um ou mais nervos somatossensoriais, sejam eles periféricos ou centrais.
Esse tipo de dor é diferente da que ocorre quando há um dano tecidual, mas os nervos são mantidos intactos, como nos casos de artrites, fraturas e cortes na pele. A diferença, além da origem do estímulo doloroso, também ocorre em seu tratamento, uma vez que anti-inflamatórios e analgésicos opioides não levam ao alívio adequado da dor.
Além disso, por ter causas diversas, o problema atinge pessoas de todas as idades e ambos os sexos, com uma prevalência estimada entre 7 e 10% na população geral. Assim, muitos grupos de pesquisa se debruçam sobre essa problemática, tentando desenvolver tratamentos mais efetivos e com o menor número de efeitos colaterais possível.
Porém, mesmo com pesquisas utilizando medicamentos diversos, como outros antidepressivos e anticonvulsivantes, o tratamento desse tipo de dor ainda apresenta resultados insatisfatórios para uma grande parcela dos pacientes.
E, mesmo quando há algum alívio da dor, ele tende a não ser completo, podendo ainda haver o seu retorno após algum tempo. Por isso, o quadro pode levar a afastamento do trabalho e de outras atividades comuns do dia a dia, além de afetar fortemente a qualidade de vida.
Fatores para Dor Neuropática
Quanto aos fatores que levam ao quadro de dor neuropática, podemos citar alguns:
Neuropatia diabética
Dano nervoso é causado pelos níveis constantemente altos de glicose no sangue;
Dor crônica pós-acidente vascular cerebral (AVC)
Causada por dano ou disfunção no sistema nervoso central
Neuralgia pós-herpética
Ocorre em alguns pacientes após a resolução das lesões da herpes-zoster
Neuropatia pós-quimioterapia para o câncer
Situação onde os medicamentos utilizados danificam terminações nervosas
A amitriptilina, que pode ser encontrada em comprimidos de 10, 25, 50 e 75 mg, tem como mecanismo de ação a inibição da recaptação de dois neurotransmissores: a serotonina e a norepinefrina.
Entretanto, esse efeito está relacionado ao seu potencial antidepressivo, e não se sabe se ele influencia também no efeito analgésico. O que se tem até o momento é que não há correlação entre a intensidade do efeito no humor e a analgesia.
Normalmente ela é prescrita para uso a noite, devido ao risco de sonolência diurna. Outros efeitos colaterais comuns são boca seca e ganho de peso.
Evidências que suportem o uso da amitriptilina para dor
Apesar de seu uso ser considerado primeira linha de tratamento em diversos guidelines internacionais, as evidências que suportam seu efeito analgésico para este tipo de dor são fracas, com numerosos vieses e amostras pequenas de pacientes.
Todavia, mesmo com a baixa qualidade dos estudos, é possível fazer algumas considerações sobre os efeitos e o uso do medicamento, como:
- A amitriptilina não parece funcionar no tratamento de dor neuropática associada a HIV e quimioterapia para câncer
- O medicamento parece ser eficaz no tratamento da dor causada por outros danos aos nervos, embora, devido à má qualidade das evidências, não seja possível afirmar com certeza.
- Pode ser utilizada para tratamento de dor crônica como fibromialgia
Outro ponto a ser analisado é que nenhum dos estudos incluídos na revisão encontrou evidencia de que a amitriptilina funciona melhor no tratamento da dor neuropática, quando comparada com outros medicamentos. Esse efeito superior só foi visto quando o medicamento era comparado com placebo.
Contudo, como a amitriptilina é um medicamento de grande importância para o tratamento desse tipo de dor, usada em diversos países, e porque a maioria dos estudos é antiga e contém uma ou mais falhas metodológicas, os autores decidiram incluir artigos com padrão de qualidade menor do que normalmente se usa nesse tipo de revisão.
Deste modo, mesmo com resultados pouco confiáveis, os autores estimam que o tratamento funciona em cerca de 25% dos casos, quando comparada com placebo. Ou seja, o medicamento parece funcionar apenas em um pequeno grupo de pacientes.
Opinião dos autores da Cochrane
Os vieses, as falhas metodológicas e a baixa qualidade das evidências encontradas nos estudos incluídos na revisão devem ser considerados, mas sempre tendo em mente que a amitriptilina é usada há décadas para tratar a dor neuropática, e que em muitos casos o resultado é positivo. Além disso, ainda de acordo com os autores da revisão, não existem evidências de “falta de efeito” do medicamento.
Assim, eles afirmam que a amitriptilina deve continuar sendo usada para esta finalidade, mas com a consciência de que as evidências não são conclusivas. E, ainda, deve-se ter em mente que os resultados podem não ser satisfatórios para os pacientes, e que outros medicamentos e tratamentos podem também ser usados, em associação ou em substituição à amitriptilina.
Por fim, eles entendem que é bastante improvável que pesquisadores realizem estudos grandes e com melhor rigor metodológico para avaliar o efeito da amitriptilina no alívio da dor neuropática, uma vez que seu uso já está estabelecido no meio médico.
Referências Bibliográficas
Moore RA, Derry S, Aldington D, Cole P, Wi¬en PJ. Amitriptyline for neuropathic pain in adults. Cochrane Library. 2019
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