O que são anti-inflamatórios?
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são medicamentos usados para aliviar a dor, reduzir a inflamação e reduzir a temperatura alta.
Anti-inflamatórios são comumente usados para aliviar os sintomas de dores de cabeça, menstruações dolorosas, entorses e distensões, resfriados e gripes, artrite e outras causas de dor aguda e crônica.
Quais são as indicações do uso de anti-inflamatórios?
Medicamentos anti-inflamatórios podem ser usados em várias situações, como:
- Dor de cabeça, cefaléia tensional.
- Enxaqueca.
- Dor muscular, dor miofascial
- Osteoartrite.
- Artrite reumatoide.
- Dor leve a moderada devido à inflamação e lesão tecidual.
- Dor lombar.
- Artropatias inflamatórias (por exemplo, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite reativa)
- Epicondilite lateral (Cotovelo de tenista) e epicondilite medial.
- Entorses
- Traumas
Quais são alguns dos anti-inflamatórios que podem ser comprados na farmácia?
- Ácido acetilsalicílico (AAS)
- Diclofenaco
- Ibuprofeno
- Naproxeno
- Cetoprofeno
- Indometacina
- Etodolaco
- Cetorolaco
- Piroxicam
- Nimesulida
- Celecoxibe
- Meloxicam
Quais anti-inflamatórios são fortes?
Medicamentos anti-inflamatórios para dor moderada a severa incluem o cetorolaco e indometacina.
Anti-inflamatórios para dor e inflamação
O uso de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) para tratar a dor e a inflamação associadas a diversas patologias é uma prática amplamente aceita no meio médico1.
Esse grupo inclui os AINEs não seletivos ou tradicionais e os inibidores seletivos da cicloxigenase-2 (COX-2), e no Brasil podem ser encontrados e comprados facilmente em farmácias.
No entanto, tais medicamentos possuem diversos possíveis efeitos colaterais, alguns potencialmente graves, motivo pelo qual o conhecimento dessa classe por médicos e outros profissionais de saúde se mostra de grande importância.
Como os anti-inflamatórios são medicamentos usados há décadas, e a classe inclui numerosos exemplares, os estudos sobre os seus efeitos nos diferentes tipos de dor, bem como as reações adversas provenientes de sua utilização, são realizados separadamente.
Assim, foram incluídos quatro revisões neste artigo, para abranger a totalidade dos dados atuais sobre a relevância dos anti-inflamatórios não esteroidais no manejo da dor.
Os anti-inflamatórios não esteroidais agem inibindo a cicloxigenase (COX), responsáveis pela síntese de prostaglandinas, moléculas envolvidas na dor e na inflamação.
Eles podem ser não seletivos, agindo em todas as COX, ou seletivos, inibindo apenas a COX-2, tendo o potencial de trazer efeitos melhores para o tratamento.
Efeitos colaterais e riscos
Riscos do uso de medicamentos anti-inflamatórios
Os medicamentos anti-inflamatórios são, de longe, os medicamentos mais prescritos para dor envolvendo inflamação. A medicação anti-inflamatória se divide em duas categorias principais: esteróides e não esteróides.
Os anti-inflamatórios esteróides (corticóides), como a hidrocortisona, são muito eficazes, mas trazem vários riscos à saúde, especialmente quando usados por longos períodos.
Por outro lado, os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como a aspirina, ibuprofeno e diclofenaco, entre outros, não apresentam os riscos do uso de esteroides, sendo mais prescritos.
Isso também explica porque medicamentos anti-inflamatórios menos potentes, como aspirina e ibuprofeno, podem ser adquiridos em farmácias sem receitas. No entanto, o uso recorrente e acima de 7 a 10 dias pode aumentar o risco dos efeitos adversos, mesmo em jovens.
Anti-inflamatórios para o tratamento da dor crônica
A dor crônica, descrita como aquela que persiste mesmo após a resolução de algum ferimento ou outra patologia que danifique o tecido, é considerada como de difícil tratamento, necessário algumas vezes a combinação de diferentes abordagens para se ter um resultado satisfatório.
Inflamações de baixa intensidade, tanto local quanto sistêmica, estão envolvidas na fisiopatologia da dor crônica, evidenciando o potencial efeito dos anti-inflamatórios não esteroidais no tratamento da condição, que inclui, por exemplo, a osteoartrite e a artrite reumatoide.
Entretanto, o uso dessa classe de medicamentos é normalmente feito para tratamento de dores agudas, de características nociceptivas, além do tratamento de inflamações. Isso ocorre devido, principalmente, ao risco de efeitos colaterais, citados anteriormente.
Opinião dos autores: A escolha do AINE a ser usado no tratamento de dor crônica associada à inflamação deve se basear nos riscos de desenvolvimento de efeitos adversos cardiovasculares e gastrintestinais, uma vez que os medicamentos dessa classe estão associados a ambos os problemas.
Além disso, o uso de inibidores de bomba de próton, como omeprazol e pantoprazol, pode reduzir a ocorrência de efeitos gástricos.
Embora os anti-inflamatórios tenham um mecanismo de ação semelhante, os indivíduos que não respondem a um AINE podem responder a outro. A razão para isso não está clara.
Anti-inflamatórios para o tratamento da dor neuropática
A dor neuropática é o resultado de um dano ou doença que atinge um ou mais nervos somatossensoriais, e tanto as suas características quanto o seu tratamento diferem daqueles relativos à dor “comum”, seja ela nociceptiva ou visceral.
Existe a hipótese de que o dano aos nervos periféricos é seguido de uma reação inflamatória e, consequentemente, de um aumento da produção de prostaglandinas. Isso levaria a um aumento da percepção da dor, e à sua cronificação.
Entretanto, os dados que suportem essa hipótese são escarços e mais estudos devem ser realizados para entender o papel da inflamação nesse tipo de dor.
Outro ponto a ser considerado é o amplo uso de anti-inflamatórios não esteroidais no tratamento da dor neuropática, mesmo sem evidências adequadas.
Contudo, não existem evidências de qualidade que atestem a eficácia dos anti-inflamatórios no tratamento da dor neuropática, uma vez que os estudos contém poucos pacientes, além de outros vieses metodológicos.
Além disso, mesmo considerando estudos pequenos e de baixa qualidade, os resultados não são animadores, e o que se pode perceber é não haver efetividade para o tratamento deste tipo de dor.
Opinião dos autores: A falta de evidências significativas que justifiquem o uso de anti-inflamatórios não esteroidais na dor neuropática dificultam a recomendação de seu uso como tratamento do problema. Desta forma, são necessários mais estudos, com metodologias mais robustas, que justifiquem esse tipo de tratamento.
Anti-inflamatórios para o tratamento da dor musculoesquelética
Dores associadas ao sistema musculoesquelético são extremamente comuns, e podem ser desencadeadas por diferentes fatores, como lesões, traumas e doenças. Por isso, o uso de medicamentos para tratar esse tipo de dor é bastante alto, e inclui principalmente os anti-inflamatórios.
Nesses casos, o efeito anti-inflamatório, associado à inibição da produção de prostaglandinas, são os responsáveis pelo efeito analgésico, e se mostram eficazes na resolução do quadro.
Na medicina esportiva, o uso de anti-inflamatórios é prescrito para controlar a inflamação, dor e inchaço associados a lesões musculares agudas. Nas primeiras 24 a 48 horas após a lesão, desenvolvem-se vários sintomas, que inclui dor com o uso muscular, rigidez e inchaço. Esses sintomas normalmente atingem o pico entre 24 e 72 horas após a lesão, geralmente desaparecendo após cinco a sete dias.
No entanto, evidências recentes sugerem que a resposta inflamatória à lesão é uma fase necessária da cicatrização dos tecidos moles, e sua inibição com anti-inflamatórios pode retardar a regeneração muscular e diminuir a força muscular após o reparo.
Opinião dos autores: Os anti-inflamatórios não esteroidais são uma boa opção de tratamento de dor musculoesquelética, mas sempre considerando os riscos envolvidos. Assim, a avaliação do risco-benefício deve ser feita antes de se iniciar o tratamento com essa classe de medicamentos.
Quando evitar o uso de anti-inflamatórios?
- 01.Idade acima de 65 anos
- 02.Está grávida, ou tentando engravidar
- 03.Está amamentando
- 04.Tem asma
- 05.Já teve reação alérgica a Anti-inflamatórios no passado
- 06.Teve úlceras gástricas no passado
- 07.Já teve problemas agudos ou recorrentes cardíacos, no fígado, ou rins
Quando utilizados de forma racional, e em situações onde os benefícios superem os riscos, os anti-inflamatórios não esteroidais demonstram ser uma boa opção para o tratamento da dor.
Entretanto, nem todos os tipos de dor podem ser tratados com essa classe de medicamentos, e sua eficácia só é demonstrada em casos de dor músculo esquelética e em alguns de dor crônica sem componente neuropático.
No caso de lesão muscular, as evidências sugerem que o uso de anti-inflamatórios pode retardar a regeneração muscular e diminuir a força e o tamanho muscular após o reparo. Esta parece ser uma consequência inevitável do fato de que a resposta inflamatória à lesão é uma fase necessária da cicatrização dos tecidos moles.
Referências bibliográficas
- Schellack N, Schellack G, Fourie J. A review of Non-Steroidal Anti-inflammatory Drugs. South African pharmaceutical journal. 2015 Vol 82 No 3.
- Ho KY, Gwee KA, Cheng YK, Yoon KH, Hee HT, Omar AR. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs in chronic pain: implications of new data for clinical practice. Journal of Pain Research. 2018:11 1937–1948.
- Moore RA, Chi CC, Wiffen PJ, Derry S, Rice ASC. Oral nonsteroidal anti-inflammatory drugs for neuropathic pain. Cochrane Library. 2015, Issue 10.
- Atchison JW, Herndon CM, Rusie E. NSAIDs for Musculoskeletal Pain Management: Current Perspectives and Novel Strategies to Improve Safety. Journal of Managed Care Pharmacy. 2013. Vol. 19, No. 9-a.
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