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Bursite anserina (no joelho): O que é, sintomas e tratamento

Bursite Anserina, também conhecida popularmente como tendinite da pata de ganso é uma causa frequente de dor nos joelhos por reação inflamatória

O joelho é uma articulação sinovial, composta pela extremidade do fêmur, extremidade da tíbia, rótula e patela, faz parte da composição e participa da movimentação: os ligamentos, as bursas e o menisco, este último é responsável pelo amortecimento dos impactos.

Os movimentos que o joelho é capaz de executar são de flexão e extensão, bem como de travamento e destravamento. Em muitos esportes, os movimentos do joelho podem sobrecarregar seus componentes e causar lesões, rompimento nos ligamentos ou torções.

Além das lesões, torções e rompimentos, há outras agravantes que podem acometer o joelho, uma delas é a bursite anserina, é a este respeito que se trata o presente artigo, o qual se propõe a explicar o conceito, as causas, sintomas e tratamento.

O que é bursite anserina?

A Síndrome da Dor Femoropatelar é uma das desordens mais frequentes do joelho, caracterizada por dor anterior no joelho

Primeiramente, é importante entender a estrutura chamada bursa anserina ou bursa da pata de ganso, que se encontra entre os tendões grácil, sartório e semitendinoso, localizados na superfície interna do joelho. Estas bolsas armazenam o líquido sinovial.

A bursite anserina consiste na inflamação da bursa anserina.

O líquido sinovial tem o aspecto transparente e gelatinoso, é responsável por lubrificar a articulação, o que proporciona suavidade no movimento motor, desta forma, este líquido só está presente nas articulações móveis.

Tem em sua composição o ácido hialurônico e proteínas que proporcionam nutrientes às cartilagens, por isso, quando produzido em excesso causa dor e incômodo.

A bursite anserina consiste na inflamação da bursa anserina, ocasionando uma produção exacerbada do líquido sinovial, o que faz com que o volume aumente causando pressão contra as demais estruturas da articulação.

A cada 100 pacientes com queixa de dores no joelho, aproximadamente 43 são diagnosticados com bursite anserina.

Estudos indicam que são as mulheres as mais acometidas por esse distúrbio, apontam também que o fator de sobrepeso influencia no desenvolvimento da bursite anserina. Outro fator de risco é a comorbidade com diabetes mellitus e presença de osteoartrite.

Para fins diagnósticos, pode haver dificuldade em distinguir tendinite anserina da bursite anserina, esta dificuldade é decorrente da proximidade da bursa e do tendão, porém, o tratamento é basicamente o mesmo para ambas as afecções.

Causas da bursite anserina

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As causas da bursite anserina geralmente são por fatores externos. Abaixo estão discriminadas as causas mais comuns da síndrome, confira:

  • Uso repetitivo: repetição prolongada de determinado movimento, geralmente é o que ocorre com esportistas, principalmente em relação às modalidades em que a corrida ou o movimento de flexionar e estender é muito frequente;
  • Uso inadequado: consiste na forma errada de articular o joelho ou sobrecarregar um lado mais do que o outro, esta prática é comum entre profissionais que têm que trabalhar agachados para desenvolver determinadas tarefas, como o pedreiro ao colocar o piso, que necessita ficar por um tempo prolongado na mesma posição apoiado sobre um dos joelhos;
  • Falta de uso: a atrofia dos ligamentos, tendões e músculos presentes na articulação do joelho também pode contribuir com o desenvolviemento da síndrome, uma vez que há sobrecarga pela falta de sustentação tornando assim, qualquer esforço um uso excessivo;
  • Contusão: refere-se ao trauma ou microtrauma que acontece devido a uma pancada ou queda, este caso também é frequente em desportistas, porém em relação aos esportes de contato, como rugby e artes marciais, em que os esportistas frequentemente caem sobre os joelhos ou recebem pancadas do adversário. Estes casos de lesão direta, pode ocasionar bursite hemorrágica.
  • Fatores de risco: como já foi mencionado, outras doenças podem contribuir no desenvolvimento da síndrome, como a diabetes mellitus, a osteoartrite, a obesidade, além destas também se relacionam a artrite reumatoide, a gota e o sedentarismo, bem como lesão no menisco.

Sintomas da bursite anserina

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O principal sintoma da bursite anserina é a dor no joelho, localizada especificamente na face medial do mesmo, isto é, aproximadamente a 3 ou 4 dedos abaixo do joelho.

A maioria dos pacientes relatam pontadas de dor e intensificação da dor ao subir escadas, na prática de atividade física e ao levantar-se da cadeira.

Acompanhando a dor, pode-se notar um inchaço bastante evidente, inflamação, rigidez principalmente pela manhã, sensibilidade no local da inflamação, dificuldade em realizar os movimentos normais e pode haver febre.

Os sintomas da bursite anserina podem estar correlacionados com outras diversas afecções da articulação do joelho que também devem ser detectadas, por isso, é recomendado que além do exame clínico, sejam realizados exames de imagem, como a radiografia comum, a ressonância magnética ou a ultrassonografia.

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Tratamento da bursite anserina

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Uma vez que o paciente tenha passado pelos devidos exames e recebido o diagnóstico, o tratamento deve ser iniciado.

O planejamento do tratamento deve considerar tudo o que foi detectado nos exames e na anamnese, isto é, lesões, comorbidades ou demais problemas concomitantes. Assim, todo medicamento e procedimento devem considerar a presença de diabetes, obesidade, doenças ósseas, etc.

Até que o diagnóstico seja concluído, o repouso é essencial para evitar maiores danos e piora no quadro.

Primeiramente, antes mesmo da realização dos exames, o paciente logo ao sentir as primeiras dores deve repousar, e evitar novos exercícios ou atividades de impacto. Até que o diagnóstico seja concluído, o repouso é essencial para evitar maiores danos e piora no quadro. A quebra do repouso só pode ser feita com a recomendação médica, dessa forma, apenas quando o médico liberar, será permitido realizar os movimentos e atividades normalmente.

É muito comum que os pacientes com queixa de dores no joelho se coloquem em repouso e logo ao sentir melhora e alívio da dor, retornam às atividades do dia-a-dia sem consultar um médico e assim, certo tempo depois, os sintomas retornam. Por isso, é válido ressaltar a importância em pausar as atividades físicas, os treinos, os esportes, evitar subir e descer escadas, evitar longas caminhadas e não deixar de procurar um profissional para tratar de forma adequada.

Durante o repouso, algumas medidas podem auxiliar no alívio da dor e na desinflamação, como realizar compressas de gelo durante cerca de dez minutos. A compressa deve ser gelada, pois a baixa temperatura auxilia no processo desinflamatório, atuando contra as células relacionadas a este processo, além disso, auxilia na recuperação dos tecidos lesionados, auxilia ainda na redução da dor e do inchaço.

Outra medida a ser tomada durante o repouso é posicionar entre as coxas, travesseiros ou almofadas, com a finalidade de alinhar os dois joelhos e a coluna, auxiliando o paciente a dormir e repousar, para que recupere mais rapidamente.

Em casos de pacientes acima do peso ou obesos, torna-se parte do tratamento adotar uma dieta balanceada em prol da perda de peso, evitando assim, outros problemas articulares e de outros sistemas orgânicos. A atividade física para a perda de peso deverá ser realizada apenas depois que a inflamação for solucionada e com acompanhamento de equipe profissional.

Nos casos de pacientes idosos, por sua vez, a atividade física também poderá auxiliar posteriormente, pois proporciona hipertrofia dos tecidos que sustentam a articulação, que por desuso, ou seja, atrofia, pode ter contribuído com o desenvolvimento da bursite anserina.

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Os medicamentos utilizados no tratamento de bursite anserina incluem os anti-inflamatórios, analgésicos anestésicos com corticosteróides, podendo ser administrados via oral, tópica ou injetável.

Os principais anti-inflamatórios de via oral utilizados no tratamento incluem a nimesulida e ibuprofeno. Já o anti-inflamatório de uso tópico consiste em pomadas, sprays e géis, bastante utilizados pelos desportistas. Os anti-inflamatórios devem ser administrados na fase aguda ou sub-aguda, pois é quando o processo inflamatório está mais vigente.

Os anestésicos com corticosteróides podem ser administrados de forma injetável ou oral. Os injetáveis consistem na inserção de uma agulha que injeta o medicamento dentro da bursa anserina. Deve-se ter cautela com este procedimento, pois só é recomendado em casos confirmados, além disso, deve-se tomar cuidado para que a injeção atinja realmente a bursa e nenhuma outra estrutura.

Após o período de repouso e de tratamento medicamentoso, faz-se necessária a continuidade dos cuidados, neste momento inclui-se no tratamento outras modalidades terapêuticas.

A acupuntura pode ser uma importante aliada no tratamento das dores e inflamações da bursa, e a terapia por ondas de choque surge como nova modalidade terapêutica não invasiva para casos refratários.

A fisioterapia é importante no tratamento, pois ela auxilia na recuperação dos movimentos e, principalmente, na reeducação do modo de articular os joelhos, de forma que o paciente aprenda como flexionar, apoiar e estender corretamente o joelho, sem sobrecarregá-lo e assim, evitar futuras lesões.

A atividade física é igualmente essencial, pois o sedentarismo, excesso de peso e atrofia pode prejudicar a articulação. Ao realizar algum exercício físico, qualquer que seja a modalidade, isto é, corrida, bicicleta, musculação, esportes aquáticos, artes marciais, esportes com bola, dança, enfim, sempre é recomendado consultar o médico e ter acompanhamento de profissional da área, bem como informar ao profissional sobre o histórico com bursite anserina.

O alongamento também se faz necessário mesmo para quem não pratica atividade física ainda, pois ele auxilia na flexibilidade para a contração e retração do grupo muscular da articulação, o que auxilia na redução do tensionamento da bursa anserina.

É importante destacar que, inicialmente, a atividade física assim como a fisioterapia, será realizada para fins de reabilitação e recuperação.

Conclusão

A bursite anserina se trata de uma agravante comum, porém pouco conhecida popularmente, devido à melhora independente mesmo havendo reincidência.

Por isso, é fundamental repousar, consultar um médico, realizar os devidos exames e aderir ao tratamento corretamente, para que assim haja uma melhor qualidade de vida e poder realizat todas as atividades laborais, de lazer, esportes e hobbies!

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM-SP: 158074 / RQE: 65523 - 65524 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela USP. Pesquisador e Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP. Diretor de Marketing do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Integrante da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Secretário do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). Professor convidado do Curso de Pós-Graduação em Dor da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Revisor - Medicina Física e Reabilitação da Journal of the Brazilian Medical Association (AMB).