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Celecoxibe (Celebra) Serve para Dor de Cabeça e Enxaqueca?

O celecoxibe (nome comercial Celebra) é um medicamento anti-inflamatório não esteroide (AINE) da classe dos inibidores seletivos da COX-2, atuando como analgésico e anti-inflamatório com menor risco de irritar o estômago.

Indica-se seu uso para tratar condições dolorosas crônicas, como a artrose (osteoartrite), e para alívio de dores agudas (cólica menstrual intensa, dor pós-operatória, etc.). Por requerer prescrição médica, seu uso deve sempre seguir orientação profissional.

Mecanismo de ação

O celecoxibe bloqueia a enzima ciclooxigenase-2 (COX-2), responsável pela formação de prostaglandinas envolvidas na inflamação e na dor. Ao inibir a COX-2, ele reduz esses mediadores, aliviando a dor e o processo inflamatório.

Diferentemente de AINEs comuns (como ibuprofeno ou aspirina), que bloqueiam também a COX-1, o celecoxibe praticamente não afeta a COX-1 nas doses usuais. Essa seletividade preserva as funções protetoras da COX-1 (proteção do estômago e função plaquetária), reduzindo o risco de lesão gástrica e sangramentos em comparação aos anti-inflamatórios tradicionais.

Celecoxibe e dor de cabeça

Por sua ação analgésica, o celecoxibe pode ser utilizado para aliviar dores de cabeça, embora não seja uma escolha de primeira linha. Em casos de cefaleia tensional leve a moderada, costuma-se obter alívio satisfatório com analgésicos simples (paracetamol ou ibuprofeno), geralmente dispensando o uso de celecoxibe. Ainda assim, se outros remédios não puderem ser usados, ele é capaz de reduzir a dor tensional ao conter a reação inflamatória subjacente.

No tratamento da enxaqueca (cefaleia migrânea), há evidências de que o celecoxibe pode ser eficaz. Estudos mostram que 400 mg de celecoxibe aliviam a dor de uma crise de enxaqueca com resultado semelhante ao de 550 mg de naproxeno (um AINE convencional), e com menos efeitos gástricos adversos.

Portanto, o celecoxibe é uma alternativa viável para alguns pacientes, especialmente aqueles que não podem usar os medicamentos específicos da enxaqueca. Entretanto, muitas enxaquecas de intensidade moderada a grave respondem melhor a tratamentos específicos (como os triptanos), por isso anti-inflamatórios como o celecoxibe ficam em segundo plano ou como complemento no manejo dessas crises.

Efeitos colaterais e riscos

Embora tenha menor tendência a causar problemas estomacais que outros AINEs, o celecoxibe pode provocar efeitos colaterais.

Os principais incluem desconforto estomacal (queimação ou dor), náuseas, diarreia, gases e tontura. Também pode haver aumento da pressão arterial ou retenção de líquidos (inchaço leve).

Como todo inibidor da COX-2, o uso prolongado ou em altas doses está associado a maior risco de eventos cardiovasculares (infarto e AVC); portanto, deve-se utilizá-lo na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível. Além disso, o celecoxibe é contraindicado para quem tem alergia a sulfonamidas (“sulfa”), aspirina ou outros AINEs.

Pessoas com úlcera péptica ativa ou com função renal/hepática gravemente comprometida também não devem usá-lo, e ele não é recomendado na gravidez (especialmente no final) ou durante a amamentação, salvo orientação médica.

Comparação com outros medicamentos

  • Paracetamol: Analgésico de primeira linha para dores de cabeça leves, sem ação anti-inflamatória. É seguro para uso frequente e tem poucos efeitos adversos. O celecoxibe não mostra vantagem clara sobre o paracetamol em cefaleias simples e traz mais riscos potenciais.
  • Ibuprofeno: AINE tradicional muito utilizado em cefaleias e enxaquecas. Tem efeito analgésico similar ao do celecoxibe, mas maior risco de irritação gástrica. Já o celecoxibe poupa mais o estômago, mas exige receita médica.
  • Triptanos: Medicamentos específicos para enxaqueca (ex.: sumatriptano) que proporcionam alívio mais rápido e completo nas crises moderadas a graves do que AINEs. Não atuam em outros tipos de cefaleia e são contraindicados em pacientes com problemas cardiovasculares. Em enxaquecas intensas, os triptanos tendem a ser mais eficazes que o celecoxibe; este último pode ser considerado apenas quando os triptanos não podem ser usados.

 

Alternativas e recomendações

Dependendo do tipo de cefaleia, geralmente há alternativas mais adequadas que o celecoxibe. Para cefaleia tensional, medidas não farmacológicas (repouso, hidratação, relaxamento) e analgésicos simples ou AINEs comuns costumam resolver a dor.

Nas enxaquecas, os triptanos normalmente oferecem alívio superior ao dos anti-inflamatórios, especialmente em crises intensas, sendo a primeira escolha na ausência de contraindicação. Se as crises de dor de cabeça forem muito frequentes, pode ser necessário introduzir medicamentos preventivos (profiláticos) para reduzir a recorrência, evitando o uso excessivo de analgésicos.

Ademais, cefaleias específicas possuem tratamentos próprios estabelecidos, ficando o celecoxibe apenas como opção de segunda linha em casos especiais.

Conclusão

Em resumo, o celecoxibe pode aliviar dores de cabeça, mas não é a primeira escolha na maioria dos casos. Devido aos seus riscos potenciais e à necessidade de prescrição, seu uso fica restrito a situações em que outros analgésicos não funcionaram ou não podem ser utilizados.

Em comparação a analgésicos comuns, ele não apresenta vantagem significativa em cefaleias habituais; e, frente a tratamentos específicos da enxaqueca (como triptanos), tende a ser menos eficaz nas crises intensas. Portanto, o celecoxibe no contexto da dor de cabeça é geralmente uma opção secundária, indicada sob critério médico para casos especiais, enquanto a maioria das cefaleias é melhor tratada com medidas mais simples ou medicamentos direcionados ao tipo de dor.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM-SP: 158074 / RQE: 65523 - 65524 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela USP. Pesquisador e Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP. Diretor de Marketing do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Integrante da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Secretário do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). Professor convidado do Curso de Pós-Graduação em Dor da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Revisor - Medicina Física e Reabilitação da Journal of the Brazilian Medical Association (AMB).  

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