A hipertrofia do ligamento amarelo pode reduzir o diâmetro do canal espinhal e comprimir o saco dural e raízes nervosas, resultando em sintomas, mesmo na ausência de um anel fibroso protuberante ou hérnia de disco, ou esporão ósseo (osteófito).
Acredita-se que ocorra pela fibrose causada pelo acúmulo de estresse mecânico com o processo de envelhecimento, especialmente ao longo da face dorsal do ligamento amarelo.
A espessura do ligamento amarelo aumenta com a idade e esse aumento é maior nos níveis lombares inferiores.
Isso pode acontecer devido a várias causas, incluindo degeneração relacionada à idade, trauma ou certas doenças que causam inflamação. A hipertrofia dos ligamentos amarelos pode causar dor, rigidez e diminuição da amplitude de movimento na coluna, bem como outros sintomas.
O tratamento geralmente envolve medicamentos, fisioterapia e outras formas de tratamento conservador.
Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária.
O que são ligamentos amarelos?
O cérebro e a coluna vertebral são recobertos pela membrana dura-máter. Entre a dura-máter e a camada mais superficial do osso, o periósteo, existe um tecido adiposo que recebe o nome de ligamento amarelo ou ligamentum flavum.
As paredes laterais e a porção posterior do canal das vértebras também são cobertas por esse tecido. De coloração amarelada, o ligamento amarelo exerce um papel importante na elasticidade da coluna vertebral. Ao flexionarmos a coluna para, por exemplo, pegar algo abaixo de nós e ao reposicionarmos a mesma, contamos com as fibras elásticas dos ligamentos amarelos.
No interior do canal vertebral, os ligamentos amarelos estão em contato próximo com raízes dos nervos espinhais. Portanto, alterações anatômicas na coluna vertebral estimulam esses terminais nervosos. Eles liberam impulsos, que são interpretados pelo sistema nervoso central como dor.
Sintomas possíveis
Sintoma | Descrição |
---|---|
Dor | Dor aguda, ardente ou dolorida na parte inferior das costas, nádegas ou pernas. |
Rigidez | Sensação de rigidez na parte inferior das costas, nádegas ou pernas. |
Vermelhidão | Sensibilidade na área do ligamento amarelo quando tocada ou pressionada. |
Espasmos musculares | Contrações involuntárias dos músculos das costas na zona do ligamento amarelo. |
Amplitude de movimento limitada | Diminuição da amplitude de movimento na parte inferior das costas, nádegas ou pernas. |
Aspectos relevantes da hipertrofia dos ligamentos amarelos
A espessura dos ligamentos amarelos pode ser quantificada através da análise de imagens obtidas por ressonância magnética. Usando essa técnica, uma equipe médica mediu porções dos ligamentos amarelos da região lombar de 63 pacientes que tinham entre 20 e 59 anos. Os pacientes foram divididos em dois grupos: os que sentiam dor lombar de modo recorrente e os assintomáticos. Os resultados apontaram uma espessura média dos ligamentos amarelos significativamente maior nos pacientes com dor lombar do que nos assintomáticos.
Existe um debate em torno do meio pelo qual se dá a modificação anatômica dos ligamentos amarelos. Alguns pesquisadores acreditam que a alteração é devida ao aumento do volume das fibras do tecido, ou seja, pela hipertrofia.
Outros descartam a hipertrofia e apostam na modificação dos ligamentos por deformação estrutural, chegando a propor que a área do ligamento amarelo, e não seu comprimento, deva ser a unidade preferencial a ser mensurada.
Mais essencial do que reunir evidências de modificação por hipertrofia ou por deformação é conhecer as causas da alteração nos ligamentos amarelos. No entanto, esse tema também é alvo de debate entre equipes de pesquisadores.
Uma pesquisa sugere que a flexão excessiva e inadequada da coluna provocaria traumas nos ligamentos amarelos, levando à inflamação e por fim à fibrose. No entanto, a natureza multifatorial da origem desse problema é reconhecida por muitos.
É certo que fatores como envelhecimento e degeneração dos discos vertebrais estão associados ao problema, embora não devam ser tratados como causas.
Enfim, ligamentos amarelos mais expandidos provocam uma compressão no saco dural, a lâmina de dura-máter que forra o canal vertebral. Evidências indicam que essa compressão é um traço patológico importante no desenvolvimento da estenose espinhal.
A estenose espinhal
Atingindo preferencialmente as vértebras lombares L4 e L5, a estenose é uma patologia com prevalência relativamente alta (27,2%).
Ela acarreta dor lombar crônica e dificuldades motoras.
A estenose é tradicionalmente tratada com medicamentos anestésicos, relaxantes musculares e exercícios fisioterápicos. Esses visam o fortalecimento da musculatura em torno das vértebras e do quadril.
Tratamentos cirúrgicos podem ser adotados (por exemplo, com objetivo de aliviar a compressão dos terminais nervosos), mas destinados a casos refratários às intervenções tradicionais.
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Referências
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Sairyo, K., Biyani, A., Goel, V., Leaman, D., Booth, R. Jr, Thomas, J. et al. (2005). Pathomechanism of ligamentum flavum hypertrophy: a multidisciplinary investigation based on clinical, biomechanical, histologic, and biologic assessments. Spine, 30(23), 2649–56.
Suh, J. H., & Pungnap-dong, S. G. (2017). The role of the ligamentum flavum area as a morphological parameter of lumbar central spinal stenosis. Pain Physician, 20, E419-E424.