Você provavelmente já ouviu o termo labirintite por aí. Mas, embora quase todos nós conheçamos bem a palavra, muitas pessoas a usam de maneira equivocada. Muitas vezes essa palavra é usada para descrever qualquer tontura ou vertigem, basta ter a sensação de que o mundo está rodando para pensarmos em labirintite.
De fato, tais sintomas possuem relação com a patologia, mas raramente eles indicam diretamente o problema, já que esse distúrbio é apenas um entre muitos que podem ocasionar esse tipo de desconforto.
No que se trata dos casos de labirintite, geralmente a doença é leve e se resolve em alguns dias ou semanas. Seu tratamento inclui repouso para evitar quedas e acidentes, e o uso de medicamentos para aliviar a sintomatologia.
Continue a leitura para conhecer melhor essa doença e seus sintomas, aprenda a reconhecê-la e entenda como se dá o seu tratamento.
O que é labirintite?
A labirintite é uma doença que afeta o labirinto, que é uma porção da estrutura que compõe o ouvido, responsável pela audição. Falando de maneira mais específica, na maioria dos casos se trata de uma inflamação consequente de um processo de infecção, geralmente meningite ou otite.
Embora seja essa uma patologia bem conhecida, é rara, e acomete principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade.
A anatomia do labirinto
O labirinto é uma estrutura complexa, composta por micro partes, como a cóclea e o vestíbulo. A primeira é responsável pela audição, e o último pelo equilíbrio.
Agora ficou fácil entender porque a audição e a percepção da posição corporal são tão afetados na labirintite.
Ainda sobre a anatomia do labirinto, ele é dividido em duas partes, uma posterior e uma anterior, sendo formado por tecido ósseo e membranoso.
Nele, há um líquido viscoso chamado endolinfa, localizado entre suas camadas, que possui composição similar ao líquido cefalorraquidiano, que exerce importante função de amortecimento das vibrações ósseas.
A endolinfa entra no interior dos canais semicirculares do labirinto, caminhando em direção oposta ao movimento da cabeça. Mesmo se há uma parada repentina da rotação, o líquido permanece em movimento.
Um sinal de polaridade é então transmitido pelas células desse canal e com isso, logo a movimentação é interrompida.
Essa base sobre a anatomia do labirinto e sua funcionalidade nos ajudarão muito a entender melhor o que causa os sintomas da labirintite. Mas antes, precisamos conhecer melhor outras doenças que também podem afetar essa estrutura.
Tonturas relacionadas ao labirinto
Mais de um tipo de problema no labirinto pode levar a sensação de tontura. Antes de falarmos mais sobre a labirintite e suas causas, sintomas e tratamento, discorreremos a respeito desses outros distúrbios.
Vertigem paroxística benigna
Essa é sem dúvidas a principal causa de tontura na população de uma maneira geral. O quadro é provocado pelo desarranjo de cristais que ficam localizados dentro do labirinto e ajudam a orientar o corpo quanto a posição da cabeça.
Quando esses cristais não estão com um arranjo adequado, há conflitos de informações, deixando a pessoa desorientada.
Tal alteração, pode ter relação com traumatismo craniano e com alterações metabólicas como a diabetes.
Síndrome de Ménière
A síndrome de Ménière tem origem em distúrbios alimentares e problemas metabólicos. Não se sabe exatamente como seus mecanismos ocorrem, contudo, ao que tudo indica, tem relação com alterações na regulação da produção e circulação da endolinfa.
Migrânea vestibular
Migrânea vestibular é uma dor no cérebro, porém, constantemente esse problema surge associado a tontura e desequilíbrio. Normalmente tem origem genética, embora possa ter relação com questões hormonais e alimentares.
Cinetose
A cinetose ficou popularmente conhecida como mal do movimento. A doença é marcada por tontura, palidez, náusea e suor excessivo. Geralmente seus sintomas se manifestam durante o movimento, como em um passeio de carro ou trem.
O movimento sequencial do olhar é um agravante, o que pode ser evitado através da fixação dos olhos em objetos parados bem a frente da cabeça.
Sintomas da labirintite
Você provavelmente já conhece alguns sintomas da labirintite. Deve saber que quem sofre com essa doença sente tontura e tem dificuldades para se equilibrar em meio a uma crise. Contudo, existem outras alterações que podem estar presentes, algumas delas bem graves, veja a seguir:
- Perda auditiva
- Tontura
- Vertigem
- Zumbido
- Náuseas e vômito
- Sudorese
- Alterações gastrintestinais
- Desequilíbrio
- Dor de cabeça
- Queda de cabelo
A sensação descrita pela maioria dos doentes é a de que o mundo está girando ao seu redor. Quando em fase aguda, as crises acontecem de forma repentina e podem durar de poucos minutos a algumas horas. Casos mais avançados levam dias para melhorar.
Se o problema estiver associado a infecções, é preciso tratar e curar também essas patologias, o que pode fazer com que o quadro se prolongue por até algumas semanas.
Em todo o caso, diante dos sintomas é recomendado que a pessoa se sente, mantendo repouso para evitar quedas. Contudo, evite se deitar, pois isso pode tornar a tontura mais grave.
Fique atento, já que os sintomas da labirintite possuem similaridades com os de outras doenças, inclusive de patologias mais graves como o AVC – acidente vascular cerebral – e tumores.
O que causa labirintite?
A labirintite ocorre quando as áreas já citadas do ouvido interno estão irritadas ou inflamadas. Por causa disso, os nervos do vestíbulo emitem sinais incorretos ao cérebro, que acaba tendo a sensação de que o corpo está se movendo mesmo quando ele está parado.
Contudo, enquanto o cérebro acha que o corpo está se movendo, outros sentidos, especialmente a visão, não detectam movimento algum, causando confusão entre os sinais recebidos e, consequentemente, tontura e desequilíbrio.
Por trás desse cenário, podem estar diversos fatores como alergias, lesões na cabeça, reações a remédios, distúrbios hematológicos, além de lesões no sistema visual, alterações genéticas e compressões mecânicas ligadas ao envelhecimento.
No entanto, sabe-se que as principais causas, ou seja, as responsáveis por esse problema na maioria dos casos são as infecções.
Infecções
As infecções, em toda a sua diversidade, são as grandes responsáveis pela labirintite, dentre as que merecem destaque devemos citar a otite, infecção que atinge o ouvido externo, e a meningite, infecção das meninges cerebrais.
Embora nem todos os mecanismos relacionados estejam claros, sabe-se que esse processo tem relação direta com a inflamação provocada pela presença de bactérias ou vírus nessa região, o que leva a uma consequente compressão nervosa já explicada acima.
Diagnóstico da Labirintite
Se você tem sentido tonturas frequentes, desequilíbrio ou algum dos demais sintomas de labirintite descritos aqui, recomendamos que procure atendimento médico. Clínico geral ou um otorrinolaringologista são os profissionais recomendados para tratar desses casos.
Para facilitar o processo diagnóstico, recomendamos que vá a sua consulta com algumas informações importantes em mãos, o médico irá te perguntar detalhes como:
- Há quanto tempo os sintomas tem surgido?
- Você possui histórico médico para labirintite?
- Existem fatores de melhora ou piora?
- Possui outras comorbidades ou faz algum tipo de tratamento com regularidade?
Durante a primeira etapa da consulta o médico irá fazer uma breve entrevista para entender melhor o seu estado de saúde e conhecer a fundo o seu histórico clínico.
Em muitos casos, o exame do ouvido não é útil para detecção do problema. Um exame físico e neurológico completo é essencial para a identificação correta da labirintite.
Normalmente não são necessários exames complementares. Contudo, se houver ainda alguma dúvida em relação ao distúrbio e suas causas eles podem sim ser prescritos.
Exames
Para um diagnóstico mais assertivo do caso pode ser necessária uma investigação mais aprofundada da situação. Geralmente, o médico requer alguns testes com o objetivo de diferenciar essa de outras doenças, para assim orientar o tratamento de forma adequada.
Veja a seguir quais são os exames indicados para eliminar suspeita de outras patologias e identificar a labirintite:
- EEG (Eletroencefalograma)
- Eletronistagmografia
- Tomografia computadorizada da cabeça
- Exames de audição (audiologia/audiometria)
- Ressonância magnética da cabeça
- Aquecer e resfriar o ouvido interno com ar ou água (estímulo de calor) para testar os reflexos do olho
Tratamento de Labirintite
Nem sempre é necessário tratar a labirintite, já que em muitos casos o quadro se resolve sozinho com o passar do tempo. Porém, existem alguns remédios que reduzem os incômodos provocados pelo problema, amenizando a crise e ajudando o paciente a vencê-la.
Além disso, a depender da gravidade da situação, o médico pode indicar uma reabilitação do labirinto.
Falaremos mais sobre o tratamento de labirintite adiante.
Remédio para labirintite
Embora o quadro se resolva sozinho, os seus sintomas podem ser bastante incômodos, interferindo significativamente no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas acometidas. O tratamento medicamentoso visa controlar esses desconfortos.
Caso haja algum tipo de infecção, essa também deve ser tratada para uma completa recuperação. Se o caso for de infecção bacteriana, antibióticos podem ser prescritos.
Esses são os principais tipos de fármacos indicados para tratar labirintite:
- Anti-histamínicos
- Corticoides
- Medicamentos para controlar náusea e vômitos
- Medicamentos para aliviar a tontura
- Sedativos
Sendo assim, os remédios mais usados para o seu tratamento, são:
- Betaserc
- Clopam
- Cinarizina
- Dramin
- Dramin B6
- Dramin B6 DL
- Labirin
- Vertix
Diante de uma crise, medicamentos para enxaqueca costumam ajudar, em especial em casos de migrânea vestibular. Os sedativos são úteis também nesse momento, pois reduzem a atividade do labirinto e ajudam a conter o reflexo de náusea.
De maneira geral, o uso de medicamento deve ser feito exclusivamente sob prescrição médica. Apenas o médico pode dizer qual deles é mais indicado para o seu caso, e qual a dosagem e a duração correta do tratamento. Nunca se automedique, a automedicação oferece risco a saúde e pode piorar o problema.
Reabilitação do labirinto
A reabilitação do labirinto é muito indicada para pacientes idosos. A terapia é desenvolvida em várias sessões e tem como objetivo melhorar o desempenho de todo o sistema do equilíbrio.
Para isso, é realizada uma série de exercícios repetitivos que promovem a adaptação do movimento ao estimular o órgão sensorial criando um novo banco de dados que passa a reger o seu funcionamento.
Os exercícios são realizados com auxílio de um fisioterapeuta ou fonoaudiólogo. O protocolo mais utilizado chama-se Cawthorne e Cooksey, e envolve movimentos de cabeça, pescoço e exercícios de controle postural em várias posições.
Como conviver com a labirintite
Muitas pessoas sofrem com crises recorrentes de labirintite, o que pode acabar afetando sua qualidade de vida de maneira geral. Para esses indivíduos são recomendadas algumas mudanças de estilo de vida, que ajudam a reduzir a frequência e a intensidade dessas crises.
Veja abaixo algumas recomendações relevantes nesse sentido:
- Cuidado com o excesso de álcool – beba com moderação sempre
- Evite o tabagismo
- Mantenha uma alimentação saudável e uma dieta balanceada – evite o excesso de gorduras e açúcares, mantenha seus níveis de colesterol e triglicerídeos equilibrados
- Evite ficar sem comer por longos períodos
- Pratique atividade física regularmente – sempre com supervisão de um profissional capacitado e respeitando os limites do seu corpo
- Beba muita água
- Tire momentos para descansar e para se divertir – evite o estresse e a ansiedade
Como lidar com a crise de labirintite
Mesmo tomando todas as medidas preventivas anteriormente descritas, não há como garantir que uma nova crise não irá acontecer. Nesse caso, há também alguns cuidados a se tomar.
Diante de tontura súbita ou perda do equilíbrio:
- Mantenha a calma
- Fixe os olhos em um objeto
- Sente-se
- Evite dirigir ou andar sozinho em momentos de crise
Assim que possível procure um médico para um diagnóstico assertivo do caso e orientação quanto ao tratamento mais adequado.
Labirintite tem cura?
Como vimos ao longo desse artigo, geralmente os sintomas da labirintite desaparecem após alguns dias ou algumas semanas, embora possam durar meses em situações mais graves.
A tontura permanece constante em pacientes com idade mais avançada, o que requer um acompanhamento médico contínuo.
Mesmo a perda da audição, que ocorre em certos pacientes, pode ser completamente revertida, pelo menos na maioria das vezes.
Porém, algumas pessoas sofrem com crises recorrentes, o que também requer a manutenção do tratamento e um acompanhamento médico adequado, além é claro, dos cuidados recomendados para quem convive com o problema.
Cuide de sua saúde. Se preciso, consulte um médico de sua confiança.
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Excelente como todos os artigos que recebo dos senhores. Parabéns.