Daniel Navas Colaboração para o UOL VivaBem 30/07/2019 04h00
Torcer o pé muitas vezes seguidas é um problema chamado de entorse de repetição do tornozelo e pode ter várias causas. A primeira delas está ligada a um trauma antigo ou mal tratado. Pode ter ocorrido o rompimento dos ligamentos do tornozelo durante uma queda, por exemplo, que cicatrizaram de maneira frouxa. E isso acabou alterando a mecânica da pisada, já que o ligamento não consegue realizar a função corretamente. Outra possível causa é a instabilidade nos tornozelos por falta de fortalecimento muscular.
Existe também uma condição conhecida como síndrome da hipermobilidade articular (também chamada de hiperfrouxidão ligamentar ou hiperextensão articular), que é uma patologia causada por mutações nos genes que codificam o colágeno, a elastina e outras proteínas que compõem os ligamentos. Apesar de haver um senso comum de que as pessoas com essa hipermobilidade tenham maior tendência a entorses de repetição, os trabalhos científicos mais recentes não comprovam essa associação, e se houver, esses casos são pontuais e menos frequentes do que as outras causas do problema.
E para evitar que as entorses de repetição aconteçam, é importante procurar ajuda profissional. O ortopedista irá analisar se o problema está ligado à lesão nos ligamentos, à fraqueza muscular ou a alguma condição anatômica, como os chamados pés cavos, em que ocorre um aumento da curvatura do arco interno do pé. Feito isso, o profissional dará o diagnóstico e indicará o tratamento para evitar complicações e acelerar o processo de melhora do paciente.
Já o fisioterapeuta irá colaborar com treinos de fortalecimento dos músculos dos pés e tornozelos. E também vai ensinar os chamados exercícios proprioceptivos, em que o treinamento visa melhorar o equilíbrio e a coordenação, que é a capacidade de reconhecer naturalmente a localização do corpo dentro do espaço onde se encontra.
É de suma importância procurar a ajuda de um especialista o mais rápido possível, pois a entorse de repetição, quando não tratada, pode evoluir a longo prazo para uma artrose do tornozelo. Esse desgaste precoce da articulação pode levar a uma dificuldade para apoiar o pé no chão e a dor pode ser incapacitante e resultar em limitação na vida do indivíduo.
Fontes: Alexandre Stivanin, ortopedista do Hospital Samaritano, membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) e especialista em cirurgia do joelho pela SBCJ (Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho); Débora Reiss, médica do esporte pela SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), médica do Clube Paineiras do Morumby e da Clínica Pulse, em São Paulo; Marcus Yu Bin Pai, fisiatra, médico especialista em dor e acupuntura e pesquisador do grupo de dor do departamento de neurologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Rafael Ortiz, médico ortopedista e membro da diretoria da SBOT Regional São Paulo; Rafael da Rocha Macedo, ortopedista e especialista em cirurgia do pé e tornozelo, membro da SBOT, da Artroscopy Association of North America e sócio na Clínica Larc, em São Caetano do Sul; e Ricardo Munir Nahas, ortopedista, traumatologista e médico do esporte, coordenador do centro de medicina do exercício e do esporte do Hospital 9 de Julho, de São Paulo (SP).